quarta-feira, 25 de junho de 2014

São Paulo importa prostitutas para o evento da Copa


Garotas das Bahamas aproveitam o aumento da procura causado pela Copa do Mundo
 
"Até então, achava a Fórmula 1 imbatível, mas a Copa está uma loucura", disse Nashila (pessoa jurídica), 23. Ela é uma das garotas que engrossam o grupo de mão de obra "importada" para trabalhar em agências de acompanhantes e "night clubs" em tempos de grande demanda.
No entra e sai da porta giratória de um grande hotel de luxo na zona sul de São Paulo, às 23h de sábado (14), quase tudo era furtivo. Quase. Uma morena alta, de olhos azuis, pernas compridas e lábios carnudos saiu apressada de um Honda Civic de vidros escuros. Ignorando o protocolo da recepção, encostou no extenso balcão de madeira do café, trocou meia dúzia de palavras em inglês com um elegante quarentão e foi com ele rumo ao elevador.
 
Cinquenta e sete minutos depois, ela estava de volta ao lobby, tão impecável e perfumada quanto antes. Esse é o tipo de garota com quem é fácil cruzar em shoppings como JK Iguatemi ou Cidade Jardim. Naquela noite, usava no pescoço um lenço verde vintage Hermès –um adorno para quebrar o preto do vestidinho básico DVF (Diane von Furstenberg). Nos pés, sapatos pretos com fundo vermelho de Christian Louboutin.
 
Por questões "éticas", preferiu manter a discrição e levar a conversa para longe dali, onde muitos dirigentes da Fifa estavam hospedados.
 
"Até então, achava a Fórmula 1 imbatível, mas a Copa está uma loucura", disse Nashila (pessoa jurídica), 23. Ela é uma das garotas que engrossam o grupo de mão de obra "importada" para trabalhar em agências de acompanhantes e "night clubs" em tempos de grande demanda. Cerca de 600 mil estrangeiros estão no país por causa da Copa. Ao menos 63.362 passaram por São Paulo, segundo o Ministério do Turismo.
 

Gaúcha de Caxias do Sul, Nashila conta que ganhava, no máximo, R$ 400 por programa em eventos como a Expointer, feira agrícola de Esteio (RS).
 
"É minha terceira vez em São Paulo. Fui à Agrishow, em Ribeirão Preto, neste ano e à Fórmula 1 no ano passado, mas nada se compara ao Mundial. Nunca vi tanto gringo no Brasil."

Sobre o cachê, Nashila diz que o preço pelos encontros em hotéis luxuosos é fixo: US$ 900 (cerca de R$ 2.000). "Beleza conta, mas fui selecionada pela agência também por causa do meu currículo." Ela é fluente em inglês. "No final da adolescência, morei um ano em Seattle, fazendo intercâmbio. E, por viver em Porto Alegre, arranho bem o espanhol", diz. "Percebe por que as chances de baixar o cachê são nulas?", diz, enquanto dá uma leve borrifada de "Joy", de Jean Patou, no pescoço.
 
Nashila se enquadra no "padrão Gisele Bündchen de beleza": garota do Sul, de cabelos lisos e longos, pernas compridas, pele e olhos claros, as preferidas de latinos e americanos, segundo boates e agências de acompanhantes. Já os europeus, especialmente os alemães, os ingleses e os holandeses, querem as mulatas "do samba, tipo exportação", como as cariocas e as baianas, nas quais os excessos somam pontos.

De Feira de Santana (BA), Danny ("nome de guerra"), 20, diz que é dançarina. Habilidosa nos passos do axé, conta que dançou com bandas como Chiclete com Banana e Asa de Águia. No final de maio, recebeu um convite para trabalhar em São Paulo.

"Como estava o pessoal da Fifa por aqui, mais de 500 pessoas, além de um 'casting' absurdo de patrocinadores, a agência me chamou para o serviço de acompanhante", explicou a morena de cabelos encaracolados, olhos verdes e corpo de dançarina, "com pernão, bração e cia.", segundo definição dela própria, que rejeita a pecha de garota de programa.

Jornada dupla

Figurinhas fáceis nas micaretas da Vila Madalena, os turistas estrangeiros estão animando outras festas por São Paulo. O movimento em casas como Café Photo, Romanza e Bahamas triplicou. Na madrugada de quarta (18), por volta das 3h, mais de 300 homens se divertiam no Café Photo, no Itaim. Lá, só se falava em inglês. A maioria veio assistir ao jogo da Inglaterra, que perdeu de 2 a 1 para o Uruguai, na quinta-feira (19).

Os estrangeiros, que andam com fama de pechinchar até o preço de milho cozido, abrem a mão à noite e gastam, em média, R$ 700. Fora a grana das meninas, que vai de R$ 800 a R$ 2.000.

Executivo de uma empresa de energia, o galês Stephen (que não informou o sobrenome), 47, estava com oito colegas. "As mulheres são lindas. Não é tão caro. Gastaríamos mais em Londres." O Café Photo era a segunda casa que os britânicos visitavam no terceiro dia em São Paulo.

Para atender ao circuito AAA da prostituição, a rotina de trabalho segue a lógica do mercado: "Depende do dia, dos jogos da Copa e até do resultado de cada partida", diz a paulista Tábatha (nome de trabalho), 23, do Bahamas.

"Por exemplo, no período que antecedeu a abertura do Mundial e no fim de semana seguinte, foi puxado. Tinha muito trabalho nos hotéis de luxo e nas casas." Segundo ela, agora é hora de ganhar dinheiro. "Estou torcendo para times como Alemanha, Itália, França e Inglaterra. Os turistas desses países são os mais generosos", disse Tábatha, que, com as horas extras, já estava com passagem marcada para curtir o verão europeu na Itália. "Desta vez, sem trabalho. 'Just relax'."

Alcoviteiros da Copa

Quem também anda na correria são os taxistas. Nos arredores de luxuosos hotéis, eles se transformaram nos maiores onze-letras de São Paulo. São os motoristas que fazem a ponte entre "cliente" e "acompanhante". Ao levarem um gringo para o Romanza, por exemplo, ganham R$ 120. No Café Photo, o valor por cabeça é de R$ 80 –antes, não passava dos R$ 40.

"Eles querem saber onde estão as mais 'calientes', as de bumbum bem brasileiro", diz "Gordo", taxista que trabalha nos Jardins, principalmente com hóspedes do Tivoli e do Renaissance.

Para atendimento nos hotéis, que permitem ao hóspede receber a "convidada" no quarto, geralmente as "acompanhantes" chegam de motorista particular. "Para não dar bandeira", diz um "concierge", que, por motivos óbvios, pede anonimato.

Sob o pretexto de manter uma "política de privacidade", nenhum desses hotéis quis comentar o assunto.

"Nesse universo, quanto mais discreto, melhor para todo mundo", afirma o recepcionista, que anda feliz da vida com a "tip" (gorjeta) que recebe tanto das meninas quanto dos clientes delas.

Fonte: www.midianews.com.br

Rose Marie Muraro: a saga de uma mulher impossível -por Leonardo Boff



Destaco apenas uma frase dela: educar um homem é educar um indivíduo, mas educar uma mulher é educar uma sociedade.
 
No dia 21 de junho concluiu sua peregrinação terrestre no Rio de Janeiro uma das mulheres brasileiras mais significativas do século XX: Rose Marie Muraro (1930-2014). Nasceu quase cega. Mas fez desta deficiência o grande desafio de sua vida. Cedo instituiu que só o impossível abre o novo; só o impossível cria. É o que diz no seu livro Memórias de uma mulher impossível (1999,35). Com parquíssima visão formou-se em física e economia. Mas logo descobriu sua vocação intelectual: de ser uma pensadora da condição humana especialmente da condição feminina.
 
Foi ela que no final dos anos 60 do século passado, suscitou a polêmica questão de gênero. Não se limitou à questão das relações desiguais de poder entre homens e mulheres mas denunciou relações de opressão na cultura, nas ciências, nas correntes filosóficas, nas instituições, no Estado e no sistema econômico. Enfim deu-se conta de que no patriarcado de séculos reside a raíz principal deste sistema que desumaniza mulheres e também homens.
 
Realizou em si mesma um impressionante processo de libertação, narrado no livro Os seis meses em que fui homem (1990,6ª edição). Mas a obra quiçá mais importante de Rose Marie Muraro tenha sido Sexualidade da Mulher Brasileira: corpo e classe social no Brasil (1996). Trata-se de uma pesquisa de campo em vários Estados da federação, analisando como é vivenciada a sexualidade, tomando em conta a situação de classe das mulheres, coisa ausente nos pais fundadores do discurso psicanalítico. Neste campo Rose inovou, criando uma grelha teórica que nos faz entender a vivência da sexualidade e do corpo consoante as classes sociais. Que tipo de processo de individuação pode realizar uma mulher famélica que para não deixar o filhinho morrer, dá o sangue de seu próprio seio?
 
Trabalhei com Rose por 17 anos como editores da Editora Vozes: ela responsável pela parte científica e eu pela parte religiosa. Mesmo sob severo controle dos órgãos de repressão militar, Rose tinha a coragem de publicar os então autores malditos como Darcy Ribeiro, Fernando Henrique Cardoso Paulo Freire os cadernos do CEBRAP e outros. Depois de anos de longa discussão e estudo em conjunto reunimos nossas convergências num livro que considero seminal Feminino & Masculino: uma nova consciência para o encontro das diferenças (Record 2010).
 
Destaco apenas uma frase dela: "educar um homem é educar um indivíduo, mas educar uma mulher é educar uma sociedade”.
 
Sem deixar nunca de lado a questão do feminino (no homem e na mulher) voltou-se cedo aos desafios da ciência e da técnica moderna. Já em 1969 lançava Autonomação e o futuro do homem e previa a precarização do mundo do trabalho.
 
A crise econômico-financeira de 2008 levou-a colocar a questão do capital/dinheiro com o livro Reinventando o capital/dinheiro (Ideias e Letras 2012), onde enfatiza a relevância das moedas sociais e complementares e as redes de trocas solidárias que permitem aos mais pobres garantirem sua subsistência à revelia da economia capitalista dominante.
 
Outra obra importante, realmente rica em conhecimentos, dados e reflexões culturais se intitula Os avanços tecnológicos e o futuro da humanidade: querendo ser Deus? (Vozes 2009). Neste texto ela se confronta com a ponta da ciência, com a nanotecnologia, a robótica, a engenharia genética e a biologia sintética. Vê vantagens nessas frentes, pois não é obscurantista. Mas pelo fato de vivermos dentro de uma sociedade que de tudo faz mercadoria, inclusive a vida, percebia o grave risco de os cientistas presumirem poderes divinos e usarem os conhecimentos para redesenharem a espécie humana. Daí o subtítulo: Querendo ser Deus? Essa é a ingênua ilusão dos cientistas.
 
O que nos salvará não é essa nova Revolução Tecnológica mas, como diz Rose, é a "Revolução da Sustentabilidade, a única que poderá salvar a espécie humana da destruição…pois a continuarmos como está, não estaremos em um jogo ganha-perde e sim no terrível jogo perde-perde que significará a destruição de nossa espécie, na qual todos perderemos” (Reinventando o Capital/dinheiro, 238).
 
Rose possuía um sentimento do mundo agudíssimo: sofria com os dramas globais e celebrava os poucos avanços. Nos últimos tempos Rose via nuvens sombrias sobre todo o planeta, pondo em risco o nosso futuro. Morreu preocupada com as buscas de alternativas salvadoras. Mulher de profunda fé e espiritualidade, sonhava com as capacidades humanas de transformar a tragédia anunciada numa crise purificadora rumo a uma sociedade que se reconcilie com a natureza e a Mãe Terra. Conclui seu livro Os avanços tecnológicos com esta sábia frase: ”quando desistirmos de ser deuses poderemos ser plenamente humanos, o que ainda não sabemos o que é, mas que intuímos desde sempre”(p. 354)

Fonte: Adital

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Oferta de turismo sexual aumenta nas cidades-sede do Mundial

No Rio, prostitutas de outras áreas migram para orla em busca de estrangeiros

por
 

terça-feira, 17 de junho de 2014

Maria da Penha: o que fazer em caso de retirada da denúncia por parte da vítima?

Adital

A Lei Maria da Penha (nº 11.340) foi sancionada no Brasil em sete de agosto de 2006. Sua existência foi considerada um avanço no combate à violência doméstica e familiar. Contudo, quase oito anos após entrar em vigor, a Lei continua encontrando suscitando desafios para se tornar cada vez mais efetiva. Um deles é a correta aplicação do artigo 16, que trata da retirada da denúncia por parte da vítima.
O artigo determina que "nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente designada com tal finalidade”.
A medida é relevante, pois não é difícil encontrar mulheres que decidem retirar a representação movidas pelo medo de novas agressões e até de ameaças de morte; muitas sentem vergonha por se encontrarem naquela situação e outras são financeiramente dependentes, não tendo como promover seu sustento e de seus filhos, caso ocorra a prisão do agressor. Outras são ainda levadas a pensar que contribuíram para a atitude violenta do agressor. Há também as que desejam retirar a representação, pois o comportamento do parceiro melhorou.
Para o Portal Compromisso e Atitude pela Lei Maria da Penha, é necessário destacar que crimes de lesão corporal não exigem a representação da vítima para serem processados pelo Estado brasileiro, podendo ser pedida a prisão preventiva do agressor e medidas protetivas para a vítima.
O desafio é fazer com que os Juizados de Violência Doméstica promovam audiências apenas quando a vítima tenha solicitado e não em todos os casos. A mulher não deve ser acionada para ir ao Juizado confirmar se deseja desistir do processo penal contra seu agressor. Quem deve procurar o Estado para o encerramento do caso é a vítima, e não o contrário.
No Brasil, uma mulher é agredida a cada cinco minutos. De acordo com o Mapa da Violência 2012, 43,7 mil mulheres foram assassinadas no país entre 2000 e 2010. Taxas elevadas como esta costumeiramente são possibilitadas por altos níveis de tolerância à violência contra a mulher. O documento também mostra que o Brasil apresenta uma taxa de 4,4 assassinatos em 100 mil mulheres. Com essa cifra o país está em 7º lugar no ranking de homicídios femininos formado por 84 país.
A Lei Maria da Penha caracteriza como formas de violência doméstica e familiar contra a mulher a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral.

[ENTREVISTA] Magnólia Said: “Se houvesse interesse em coibir o tráfico, haveria megaoperações, assim como as que coíbem a livre expressão nas ruas”

Adital
Por Ana Rogéria


Como faz parte dos países envolvidos na rota do tráfico de pessoas – crime mundial e de alta rentabilidade – o Brasil é um ponto certo de partida para este delito internacional, que terá suas possibilidades aumentadas pela realização da Copa do Mundo.
Apesar de campanhas lançadas pelo governo, é notório a falta de estrutura e operacionalização para combater o esquema organizado do tráfico de pessoas. Dados do Ministério da Justiça indicam que de 2005 a 2011, somente 475 brasileiros/as fora do Brasil foram encontrados nessa situação. O número, ressalta, é bem maior.
A Rede Jubileu Sul Brasil entrevistou Magnólia Said, advogada, integrante da Rede, e membro da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (Ancop), sobre como esses megaeventos e megaprojetos atingem as mulheres e se constituem num agravamento para os problemas relacionados à questão de gênero.
"Se houvesse de fato interesse em coibir essa prática criminosa, teriam sido implantadas nas cidades, megaoperações de proteção e defesa de mulheres, crianças e adolescentes e punição dos criminosos, assim como se fez, com bastante antecedência, megaoperações para coibir a livre expressão nas ruas”, falou a advogada.

A exploração sexual de mulheres, adolescentes e crianças e o tráfico de pessoas são uma realidade no país. O problema tende a se agravar com a realização da Copa do Mundo?
Magnólia Said – Em geral, megaeventos trazem como consequências o aumento da violência contra a mulher, da prostituição e do aliciamento para a prática do tráfico de pessoas. As grandes barragens na região do Xingu e o complexo Portuário do Pecém no Ceará, são grandes exemplos. Um enorme contingente de trabalhadores vindos de diversos lugares, com culturas diferentes, sem família, com demandas diversas, que passam a viver em lugares pobres, com infraestrutura debilitada, sem períodos de descanso para viajar, inevitavelmente, provoca impactos na vida das pessoas das localidades e as primeiras a sofrerem esses impactos são mulheres, jovens, crianças e adolescentes.
No caso de Fortaleza, Natal, Recife e Manaus, cidades já conhecidas internacionalmente como rota do tráfico de mulheres e como lugares de maior incidência da exploração sexual, isso tende a se agravar. Junte-se a isso, no caso de Fortaleza, o fato de o orçamento para o combate à exploração sexual diminuir a cada ano. Em 2013 (dados da Secretária de Segurança Pública do Estado), ocorreram três estupros por dia, de criança e adolescente, somando 1.832 ocorrências. Houve um aumento de 12% em relação ao ano de 2012, no patamar geral: criança mais adulto.
De janeiro a março de 2014, as denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescente, cresceram 19,8% em relação a 2013. O Disque 100 atendeu 524 denúncias ( 253 em Fortaleza). Ademais, todas as cidades-sede dos jogos lideram ocorrências de violência sexual contra crianças e adolescentes. O Nordeste é onde há mais casos, principalmente em função do turismo sexual e da vulnerabilidade social, causada principalmente pela situação de pobreza das famílias.
No caso do nordeste, a situação fica mais favorável à prática da exploração e do aliciamento para o tráfico, em vista de estarmos atravessando a pior seca dos últimos 50 anos. Para essa população (mulheres, crianças e adolescentes), embora a ausência de políticas públicas seja uma constante, a situação de calamidade na maioria dos municípios, agrava as condições de vida, empurrando muitas mulheres para as capitais. Mulheres que guardam a fantasia de conseguir "um dinheiro a mais” ou até "um casamento com estrangeiro”, que as leve para longe da miséria.
 
Por esse período a Fifa ditará o funcionamento das cidades. Há alguma preocupação expressa com esse problema? O governou chegou a lançar campanhas contra a exploração sexual. Isto será suficiente?
Magnólia Said – A Fifa já vem ditando o funcionamento das cidades-sede, desde que o Lula assinou a Lei Geral da Copa. A partir daí, até nossa legislação tem sido modificada para atender aos interesses dos grandes negócios que já têm sido gerados a partir daí. Como mulher também é vista como "um negócio” e dos mais lucrativos, não se poderia esperar algo diferente do que está acontecendo, ou seja, um faz de conta de que existe uma preocupação dessa corporação, governo estadual e municipal em relação ao aumento da exploração sexual.
Se houvesse de fato interesse em coibir essa prática criminosa, teriam sido implantadas nas cidades, megaoperações de proteção e defesa de mulheres, crianças e adolescentes e punição dos criminosos, assim como se fez, com bastante antecedência, megaoperações para coibir a livre expressão nas ruas. Em Fortaleza, a campanha lançada pelo Governo em parceria com a Prefeitura e OAB, além de tardia, está restrita a um lugar quase clandestino no Aeroporto Pinto Martins (serviço de proteção ao migrante), cujo material está escrito apenas em português, aonde "só vai quem tem algo para fazer”, o que não é o caso, é patética. Não tem constância, não tem incidência e, mais que isso, o orçamento para o enfrentamento é irrisório. Por outro lado, de que adiantam campanhas se não existe um sistema de proteção organizado, articulado institucionalmente, equipado e qualificado o suficiente para atuar diante desse crime?
 
É possível que megaeventos, sobretudo os esportivos, fortaleçam a imagem estereotipada, de objeto, já bastante explorada sobre a mulher brasileira?
Magnólia Said – O estrangeiro que vem para o Brasil, chega com o desejo de usufruir do país do futebol, do samba e do sexo exacerbado e livre. Isso porque ele já vem com essa informação, com orientações dadas por agências de turismo, setores do empresariado, da política, com a imagem das propagandas de revistas e TVs. Ele acha que pode tudo; que pode assediar tanto a mulher que está na rua como a mulher que está lhe prestando algum serviço, seja no hotel, seja no restaurante, uma vez que acha que está pagando pelo serviço completo.
No caso de Fortaleza, em especial, que já é conhecida internacionalmente como o paraíso do turismo sexual, o turista sabe também que tem um peso no país porque vai trazer divisas e o mercado do sexo é um grande movimentador de dinheiro. Por isso mesmo, a legislação que pune essa prática, na hora H é flexibilizada, não tendo o rigor que deveria ter.
 
Os Movimentos de Mulheres, feministas, têm atuado bastante para combater essa imagem. É um momento também de fortalecimento dessa luta?
Magnólia Said – É de fortalecer a luta sim, porque com o debate mais ampliado sobre a exploração sexual e seus impactos na vida das mulheres e do país, se fortalece e se constrói novas alianças. Além de aumentar a possibilidade de novas conquistas no plano de políticas públicas, em especial, pelo constrangimento que isso acaba trazendo para o governo, em termos de imagem. E como os governos vivem de imagem.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

A chamada "bolsa prostituição" nunca tramitou no Senado




Senado usa meme para negar existência de projeto que cria "bolsa prostituição".

Em uma ação para acabar com a repercussão da notícia falsa da existência de projeto que cria uma espécie de ajuda de custo mensal de R$ 2 mil mensais para prostitutas, o Senado divulgou um meme nas redes sociais. A notícia da aprovação da chamada “bolsa prostituição” sempre aparece em postagens nas redes sociais e em sites que conclamam a população a se rebelar contra o assunto. Nessa terça-feira, o Senado lançou em sua pagina no Facebook um meme - termo usado para definir uma ideia ou conceito espalhado pela internet -, para reforçar que o projeto nunca existiu.

Na imagem, os personagens dos quadrinhos Batman e Robin se desentendem sobre o assunto. “Você viu?! O Senado aprovou a bolsa prost...", comenta Robin e é interrompido por um tapa no rosto dado por Batman: “Para de espalhar notícia falsa! Veja no site do Senado o que realmente é votado!”, repreende o super-herói.

A imagem vem seguida de um texto que questiona a divulgação, por parte dos internautas, de falsas informações. “Todos os dias são criados incontáveis boatos, rumores e notícias falsas. Muitas vezes essas “notícias” fazem referências a assuntos de grande importância para a população e, se forem levadas a sério, isso pode levar a graves consequências”, explica o texto.

A postagem ainda convoca a população a usar os canais da Casa para se informar sobre o trabalho dos senadores. “Você pode facilmente evitar a distribuição dessas notícias falsas! Basta consultar o site oficial do Senado Federal, www.senado.leg.br, contatar o perfil Notícias do Senado no Facebook ou ligar gratuitamente.

Fonte: Estado de Minas

Polícia investiga autoria de notícia falsa sobre 'bolsa prostituição' no Senado

A Polícia Federal e a Polícia do Senado estão investigando a autoria de notícia falsa sobre o Senado que, nos últimos dias, se espalhou nas redes sociais e foi republicada em vários sites, informou em Plenário o líder do PT, senador Wellington Dias (PI). A notícia inverídica diz que projeto de autoria da senadora Ana Rita (PT-ES) criaria uma bolsa de R$ 2 mil mensais para prostitutas. Nunca houve, no entanto, proposta em tramitação sobre o assunto.

Para o senador, a informação além de inverídica é “criminosa”. “Olha só que coisa maldosa. E, lamentavelmente, vários jornais do Brasil estão reproduzindo essa aberração. Queria manifestar solidariedade à senadora Ana Rita, esclarecendo ao Brasil que se trata de uma ação criminosa de um site que já está sendo investigado”, disse.

Wellington Dias pediu aos parlamentares a aprovação do PLS 257/2005, do senador licenciado Marcelo Crivella, que determina que reportagens com repercussão negativa sobre a dignidade de alguém sejam previamente levadas ao conhecimento daqueles a quem se refiram. O senador lamentou que um parlamentar tenha que passar por uma situação como a que enfrenta agora Ana Rita.

O Senado vem, desde a tarde de quarta-feira, esclarecendo nas redes sociais que a notícia é falsa. O gabinete da senadora distribuiu nota sobre o assunto.

Veja a íntegra da nota:

"O mandato da senadora Ana Rita (PT-ES), presidenta da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, esclarece que a matéria publicada no blog de nome Joselito Muller é falsa. O referido projeto não é de sua autoria, além de nunca ter tramitado no Senado Federal. Informamos, ainda, que a senadora já está tomando as devidas providências junto à Procuradoria Geral do Senado, a Polícia do Senado e à Polícia Federal. Em caso de dúvidas, solicitamos acesso à relação dos Projetos de Lei apresentados pela senadora, conforme consta no link."

Com Agência Senado

terça-feira, 10 de junho de 2014

Unidade Oblata em Juazeiro realiza festejos juninos nesta semana.


  
A Pastoral da Mulher estará realizando durante toda esta semana de 09 a 13 de junho, atividades de comemoração as festas juninas. A sede, que está toda ornamentada em clima da copa, será o espaço para estas ações onde no período da tarde, as educadoras estarão realizando brincadeiras juninas (como simpatias, jogo da trilha, barraca do beijo), oferecimento de comidas típicas no lanche (pipoca, bolo de milho, amendoim, etc) e muito forró.

Na sexta feira, dia 13, será realizada uma quadrilha improvisada, com as mulheres que estarão na casa e aquelas que vão sendo convidadas ao longo da semana, sendo uma celebração bastante desejada por elas pois conseguem criar diversas histórias de casamento matuto.

Esta programação foi antecipada devido aos feriado que acontecerão no mês como ainda as datas dos jogos do Brasil.

[Sem mandado] Prédio que servia de prostíbulo é violentamente desocupado

Adital

Ao longo da história, o debate sobre a prática da prostituição divide opiniões. Hoje, no Brasil, fazer do corpo e do sexo uma fonte de renda não é crime, por outro lado, manter estabelecimentos onde homens e mulheres possam prestar serviços sexuais aí sim vai contra o artigo 229 do Código Penal. Na última semana, o ‘Prédio da Caixa’, em Niterói, Rio de Janeiro, onde centenas de prostitutas moram e trabalham, foi violentamente desapropriado, mostrando que o preconceito persiste.Cobertura feita pelo Mídia Ninja denunciou que policiais da 76ª DP e da Delegacia da Mulher de Niterói (Deam), sem mandado judicial, invadiram quatro andares e levaram mais de 100 mulheres para a delegacia. Antes, muitas delas foram abusadas, agredidas e estupradas. A advogada Heloísa Melino denunciou ainda que muitas foram forçadas a fazer sexo oral nos policiais.
 
A interdição do prédio é parcial e tem como justificativa suas péssimas condições de conservação. Ainda será feita perícia e vistoria para ratificar a interdição total. Seus nove andares eram ocupados por pequenos comércios e por prostitutas, travestis, gays, lésbica e pessoas idosas que residem há anos no local. Muitas destas pessoas hoje estão na rua. Os bens das prostitutas levadas para a delegacia foram apreendidos ou roubados.
A violência contra as mulheres gerou revolta.


No sábado, 31 de maio, cerca de 300 pessoas se manifestaram nas ruas de Niterói em defesa delas. Uma partida de futebol feminino parou a Avenida Amaral Peixoto e o transito das redondezas.
E a busca por visibilizar o assunto não para por aí. Amanhã, 4 de junho, acontece no Palácio Tiradentes da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) uma Audiência Pública convocada pela deputada Inês Pandeló, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Alerj e pelo deputado Marcelo Freixo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj, para discutir a violação de direitos na ação policial em Niterói.
 
O tema da prostituição já vinha sendo levantado pelo deputado Jean Willys, com a Projeto n° 4.211/2012. Sua proposta é regulamentar a prostituição e assim abrir espaço para a não discriminação e a possibilidade de que esta atividade seja reconhecida como um trabalho digno. O Projeto define o profissional do sexo como toda pessoa maior de dezoito anos e capaz, voluntariamente, de prestar serviços sexuais mediante remuneração. Regulamenta as casas de prostituição, desde que não se exerça exploração e fixa um teto de apropriação do rendimento de prestação de serviço e estabelece uma aposentaria especial para as prostitutas.

Tem início a Oficina de Informática na Pastoral da Mulher de Juazeiro


A cada dia que passa, a informática vem adquirindo mais relevância na vida das pessoas e nas empresas. Sua utilização já é vista como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vêm aumentando de forma rápida entre as pessoas.
Dessa forma, também cresce o número de famílias que possuem em suas residências um computador. A internet trouxe novas formas de se comunicar, permitindo a interação com outras pessoas das mais variadas culturas, possibilitando a partilha de opiniões, críticas e sugestões através do e-mail, fóruns e redes sociais.
Podemos hoje nos comunicar com pessoas em qualquer lugar do mundo através de programas a exemplo do Skype, pelas redes sociais, e-mails e ligações pela internet, além de realizar várias atividades do dia a dia, como ter acesso a faturas de cartão, contas de água, luz e ainda realizar o pagamento das mesmas. Também pode ser utilizada para envio de currículos para o mercado de trabalho e etc.
Por esses motivos a Pastoral da Mulher deu início no dia 04 de junho, a Oficina de Informática que contará com a participação de 12 mulheres atendidas pela instituição que vão aprender a utilizar os programas (Windows, Word, Excel), bem como, a internet para tarefas do cotidiano e para interação com outras pessoas.
A oficina acontecerá as segundas e quartas – feiras e será acompanhada pela educadora Mônica Siqueira.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

A quem serve a regulamentação da prostituição?

 
No Brasil, mais uma vez, está em debate a regulamentação da prostituição. O que estava, e continua, em jogo nas propostas apresentadas é a legalização dos cafetões e empresários do sexo. O projeto apresentando pelo deputado federal Jean Wyllys (PSOL) de regulamentação dos profissionais do sexo na verdade quer legalizar os cafetões – argumentando que com isso melhorará as condições de “trabalho”-, embora o projeto não preveja nenhuma regulamentação dessas casas e sua adequação. Seu conteúdo mostra que ele não visa melhorar a vida das mulheres em situação de prostituição, não prevê nenhum tipo de política pública específica, que contribua para que essas mulheres não tenham que ser constantemente vítimas de insultos, violência e marginalização. Ao contrário de promover os direitos e a autonomia econômica das mulheres, o projeto visa suprir uma necessidade da indústria sexual, que juntamente com as grandes corporações, buscam utilizar o corpo das mulheres para faturar altos montantes em grandes eventos como a Copa do Mundo. 
 
O debate público sobre a regulamentação da prostituição como profissão tem pontos de partida que falseiam e distorcem a realidade da prostituição. Um primeiro aspecto é simplificar a questão, ao tratar como um comportamento individual algo que é parte de uma instituição e faz parte de um sistema. Esse argumento está baseado em uma visão liberal, centrada no indivíduo e suas escolhas no mercado, sem levar em consideração as relações políticas e de poder envolvidas. Nessa posição, é nítido que não se parte de uma visão crítica do patriarcado, como sistema de dominação masculina, nem das conexões entre o modelo de sexualidade atual e a prostituição. Ao se referir à prostituição como um trabalho, essa perspectiva liberal não entra no que é a diferença entre vender a força de trabalho e a apropriação do corpo. Ou seja, não é o que a prostituta pode fazer, mas é seu corpo. Como diz Marie Victorie Louis (2004), essa visão “postula que as pessoas – e não só as coisas, podem ser objetos de contratos e contradiz abertamente o princípio universal segundo o qual o corpo humano é inalienável.” As propostas de regulamentação são apresentadas a partir do argumento de que a prostituição é um trabalho como outro qualquer, que cada pessoa vende algo e, neste caso, as mulheres vendem o corpo. Por isso, devem ser consideradas trabalhadoras do sexo. Seus defensores utilizam a arroba (trabalhador@s) e, assim, parece que a prostituição é algo de homens e mulheres, já de início ocultando seu caráter patriarcal e as relações desiguais. 
Ao separar a prostituição da exploração sexual, o serviço sexual livre do serviço sexual forçado, há uma intenção de legitimar a prostituição como um serviço que pode ser comercializado. A diferenciação entre prostituição forçada e voluntária, parte do reconhecimento de que há situações em que mulheres são obrigadas a se prostituir. Em geral, essa visão está vinculada a posição de criminalização da prostituição infantil, nesse caso considerada exploração sexual, que não é voluntária. 
Um primeiro elemento que chama a atenção nessa posição é que não se considera o fato de que a maioria das mulheres chegam à prostituição ainda crianças e adolescentes, como é o caso do Brasil. Então, torna-se apenas um período de espera para o dia em que fizer 18 anos. Se ela continua na prostituição, passa a ser considerada uma decisão por vontade própria. Ou seja, desconsideram a experiência de uma jovem de 18 anos, que viveu uma situação de prostituição desde os 12 anos, e o significado para sua auto-estima, auto–confiança de que pode fazer outra coisa, de que será aceita. Como se a situação de exploração sexual não ficasse marcada no corpo, na subjetividade, na forma de ver e pensar o mundo e a si mesma. Isso tudo se soma ao estigma que teria que enfrentar e aos limites que as mulheres encontram para se inserir no mercado de trabalho. Por fim, temos que lembrar que a maioria das mulheres nessa situação está sob o controle de cafetões e cafetinas, o que é muito difícil de romper. 
Os argumentos em favor da prostituição como outro emprego qualquer se utilizam da realidade extremamente desigual do mercado de trabalho no Brasil. Afirmam que a prostituição proporciona uma remuneração maior que muitos outros empregos majoritariamente femininos, como o emprego doméstico ou o telemarketing. Escolher entre o “menos pior” para garantir as condições de vida não é uma referência para quem atua em nome da igualdade e da justiça social. Além disso, esse discurso encobre as desigualdades de classe e raça que existem entre as próprias mulheres: parece que estamos em um mundo em que todas as mulheres têm todas as condições para “escolher” entre ser médica, professora universitária, empregada doméstica, prostituta, advogada... 
Dá pra imaginar que as diferentes trajetórias (fuga de situações de abuso, pobreza, violência, autoritarismo) e rotinas (sexo com vários clientes, uso de drogas pra conseguir aguentar) das mulheres prostitutas sejam uma “livre escolha”? 
Uma coisa é a vontade de sair na rua com a roupa que for, sem ser importunada, ou transar com quem desejar. Outra é usar o corpo e o sexo para sobreviver. Sobreviver, porque a realidade das prostitutas é bem diferente do glamour retratado pela mídia, nas novelas e revistas, e principalmente na visibilidade que ganham os depoimentos das mulheres que dizem se prostituir por serem libertárias e autônomas. 
A posição a favor da regulamentação só se sustenta se for ocultada a realidade e a essência da prostituição. Uma realidade em que a grande maioria das mulheres prostituídas são as mais pobres, as que são expulsas de suas terras, as que são prostituídas junto aos canteiros das grandes obras, das mineradoras, das madeireiras, das empresas do agronegócio. Ou a realidade da prostituição nos países ricos, em que a maioria das mulheres prostituídas são dos países do sul e do leste, e migraram ou foram traficadas para a Europa. 
Na verdade, esse discurso pró regulamentação reforça a visão do grupo dominante – os homens prostituidores. Eles tem como instituição o sistema patriarcal que lhes confere poder há milhares de anos. E conseguiram fazer parecer que as relações de dominação são fruto da biologia: a suposta sexualidade inata viril e insaciável, masculina, frente a passiva sexualidade feminina.
O desejo é deles, e o corpo das mulheres existe para satisfazê-los. Só isso pode explicar porque os homens querem fazer sexo com quem não os deseja. Na verdade, para os que consideram que as mulheres são uma mercadoria essa posição é coerente. Portanto, essa é uma visão baseada em uma determinada moral, que historicamente tratou as mulheres a partir da polaridade entre santas e putas. No feminismo, essa dicotomia foi analisada como a hipocrisia da dupla moral para negar e controlar o desejo das mulheres. Ela divide e coloca as mulheres em oposição entre si e funciona como um critério de julgamento das mulheres a partir da sexualidade. Do ponto de vista da vivência das mulheres, o resultado é uma ambiguidade e uma contradição entre a expressão do seu desejo e os castigos e perigos que isso pode representar. Ou seja, os perigos relacionados ao que ocorre quando transitam nas fronteiras entre santas e putas. 
O complicado é que essa posição, ao não assumir sua visão conservadora, busca confundir o debate, chamando a posição feminista crítica de moralista e com tabus sexuais. 
Nossa moral é outra: a da defesa da liberdade e autonomia. A liberdade só pode estar em construção se há uma visão crítica aos mecanismos de dominação. Caso contrário, se legitima uma prática de opressão. A prostituição foi construída historicamente para garantir o patriarcado e o modelo de sexualidade correspondente. Até hoje, persiste como um mecanismo de coerção. 
Estamos convencidas de que devemos impedir a regulamentação da prostituição como profissão, mas isso não significa que não há nada a fazer. O Estado já tem instrumentos para tirar as mulheres em situação de prostituição da invisibilidade e da estigmatização. É preciso que o Estado promova campanhas de prevenção e conscientização sobre a violência e o controle do mercado do sexo sobre o corpo e a vida de mulheres e meninas. Os atores que organizam este mercado e aqueles que o sustentam, ou seja, os cafetões e os clientes, precisam ser punidos pela violência que geram. É preciso, ainda, enfrentar a discriminação e os preconceitos que as mulheres prostituídas vivenciam quando procuram o serviço de saúde ou as delegacias. Além disso, consideramos que há muitas políticas a serem desenvolvidas, em termos de assegurar aposentadoria universal, de incluir as mulheres prostituídas em políticas de inclusão social, de programas específicos de educação, moradia, geração de trabalho e renda. Nenhuma destas propostas figuram nos projetos de regulamentação. Ao contrário, a legalização da cafetinagem contribui para legitimar o sistema de exploração, mantendo as mulheres como objetos e não como cidadãs, com direito a ter direitos. 
Referências bibliográficas: 
Luis, Marie Vitoire. In: La Prostitución. Selección de Articulos de Le Monde Diplomatique. Santiago do Chile: Editorial Aún Creemos en los Sueños, 2004. 
SOF. Prostituição: uma abordagem feminista. São Paulo: SOF, 2013. 
*Nalu Faria é psicológa e coordenadora da SOF. O artigo foi publicado inicialmente pela Fundação Heinrich Böll Stiftung Brasil.
Foto: Vitor Leal Pinheiro/Oxfam. Licença de Creative Commons License.


quarta-feira, 4 de junho de 2014

02 de Junho- Dia da Prostituta


OS ANJOS DA MEIA NOITE

Castro Alves




...Erguendo o cálix que o Xerez perfuma.
Loura a trança alastrando-lhe os joelhos,
Dentes níveos em lábios tão vermelhos,
Como boiando em purpurina escuma;

Um dorso de Valquíria... alvo de bruma,
Pequenos pés sob infantis artelhos,
Olhos vivos, tão vivos, como espelhos,
Mas como eles também sem chama alguma
;

Garganta de um palor alabastrino,
Que harmonias e músicas respira...
No lábio - um beijo... no beijar - um hino
;

Harpa eólia a esperar que o vento a fira,
— Um pedaço de mármore divino...
— É o retrato de Bárbara - a
Hetaira...

terça-feira, 3 de junho de 2014

Desemprego ainda é maior entre mulheres, mas diferença para homens diminui



taxa de desemprego entre as mulheres é maior do que entre os homens em todas as regiões do país, mostram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Na série antiga, chamada Pesquisa Mensal de Emprego (PME), não era feita essa medição porque ela só abrangia seis regiões metropolitanas. Já a Pnad Contínua, que vai substituir a PME a partir do ano que vem, chega a 3.500 municípios.
Do total da força de trabalho, ou seja, da população com mais de 14 anos de idade que tem interesse em trabalhar, 7,1% estão sem emprego atualmente. Entre os homens, no entanto, a proporção de desempregados é de 5,9%, enquanto entre as mulheres, é de 8,7%, de acordo com a pesquisa.
Essa diferença se repete em todas as cinco grandes regiões em que se divide o país, como mostra o gráfico abaixo.
Aqui, não estamos falando de donas de casa ou de pessoas que optam por não buscar um trabalho remunerado regular. Nesses 8,7% de mulheres desempregadas são consideradas apenas aquelas que querem entrar no mercado de trabalho.
A Pnad Contínua não investiga as razões da diferença de desemprego entre homens e mulheres. Não é possível deduzir diretamente se é resultado, por exemplo, de discriminação por parte dos empregadores ou por falta de qualificação das candidatas às vagas.
A boa notícia está em que, se olharmos desde o início da série histórica, iniciada em 2012, a diferença tem caído. No primeiro trimestre de 2012, a taxa de desemprego estava em 7,9% no país. Entre os homens, era de 6,2%, e entre as mulheres, de 10,3% – uma diferença de 4,1 pontos percentuais. Um ano depois, a diferença diminuiu para 3,5 pontos e agora está em 2,8 pontos.
Os dados indicam que a queda na taxa de desemprego nos últimos anos ocorreu ao mesmo tempo em que o mercado de trabalho passava a incorporar mais mulheres.
No primeiro trimestre de 2012, a população com trabalho remunerado era composta por 51,1 milhões de homens e 37 milhões de mulheres. Hoje, o número de homens aumentou em 1,2 milhão, e o de mulheres, em 1,9 milhão.
Em termos percentuais, o número de homens na força de trabalho subiu 2,4% em dois anos, enquanto o de mulheres aumentou 5,3%.

Grupo de Teatro de Juazeiro Mariart`s realiza apresentação em Salvador


Formado por mulheres atendidas pela Pastoral da Mulher de Juazeiro, o grupo de teatro Mariart’s fez apresentação teatral no seminário “Prostituição: Faces e interfaces de um contexto complexo”, que aconteceu em Salvador/BA, promovido pela Unidade Força Feminina.
O grupo, que viajou para participar do seminário, apresentou a peça “Copa do Mundo 2014 – O que há por trás disso!”, onde é retratado o tráfico de pessoas para fins de exploração sexual, contribuindo assim no reforço às palestras proferidas durante o seminário sobre o tema da Campanha da Fraternidade 2014.
O tema “Tráfico de pessoas” é encabeçado também, pelo Instituto das Irmãs Oblatas do Santíssimo Redentor e envolve toda a Rede Oblata na luta contra esta problemática, principalmente nos megaeventos, a exemplo da Copa do mundo.
Após a apresentação, todas se sentiram bastante satisfeitas com o resultado alcançado pois acreditam ter tido ótima desenvoltura nas cenas e com os personagens abordados; mantendo o público atento e fazendo compreender sobre a temática.
Retornando para Juazeiro, o grupo continuará com os ensaios para apresentarem em outros eventos e espaços.




Fonte: AssCom

"DIA NACIONAL EM DEFESA DO VELHO CHICO" TEM EXTENSA PROGRAMAÇÃO


Campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico” quer marcar o dia 03 de junho como o Dia Nacional em Defesa do Velho Chico.

O rio da integração nacional está agonizando. O São Francisco, o maior rio que nasce e deságua no Brasil, com uma extensão de 2.700 Km, integrando o Nordeste e Sudeste, passa por um momento dramático. É a pior estiagem em 50 anos. A crise do Velho Chico compromete a geração de energia, navegabilidade e o abastecimento de água, em toda extensão da sua bacia, que envolve mais de 500 municípios e cerca de 17 milhões de moradores. Os efeitos mais perceptíveis são os bancos de areia no leito do rio, as marcas da erosão de suas margens e o aumento da poluição de suas águas. Pescadores relatam, por exemplo, que já têm dificuldade em encontrar as espécies típicas do Velho Chico.
Com a redução da vazão em 200m³/s (duzentos metros cúbicos por segundo) – passando para 1.100m3/seg – a pedido do setor elétrico, a barragem de Sobradinho, na Bahia, está funcionando com apenas 57% da sua capacidade. Já as represas de Itaparica, em Pernambuco, e de Três Marias, em Minas Gerais, estão a menos de 30%. Em Alagoas, em 2013, houve o desabastecimento de aproximadamente 150 carros-pipa diariamente, deixando sem atendimento uma população superior a 200 mil pessoas.
CAMPANHA - Para alertar para os riscos de um colapso nacional, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco – CBHSF lança a campanha “Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico”. A proposta é marcar o dia 03 de junho como o Dia Nacional em Defesa do Velho Chico. Será um dia inteiro de mobilizações em toda a extensão da bacia, alertando a sociedade para a necessidade de revitalização do São Francisco. Estão programadas barqueata, peixamento, debates e mobilizações envolvendo pescadores, comunidades indígenas, quilombolas, pesquisadores, estudantes e gestores público. A campanha também dará destaque a discussões relevantes para a vida do rio como a vazão ecológica, disponibilidade hídrica e os usos múltiplos das águas. Para mais informações sobre a campanha, além de textos, imagens e material audiovisual, acesse: http://virecarranca.com.br/
O presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, explica que a manifestação não significa um protesto. “Será um dia de mobilização em defesa do nosso 'Velho Chico'. Com isso, as comunidades, a população, os defensores da causa do São Francisco, todos podem ter iniciativas que marquem a data. Pode ser uma caminhada, uma ação dentro do rio, uma entrevista em emissora de rádio ou de televisão etc. O importante é que o São Francisco seja lembrado nesse dia em sua importância para o país”, observa.

Ascom CBHSF Foto: João Zinclair