Por Ana Paula S. dos
Santos ¹
Agente da Pastoral da Mulher
Dentre
as diversas atividades realizadas pela Pastoral da Mulher em Juazeiro BA,
apresentamos a experiência social e formativa junto às mulheres em suas
comunidades.
O
trabalho comunitário parte do convívio em grupo, onde cada mulher tem a
condição de cooperar, interagir e partilhar experiências do dia a dia.
O
primeiro passo para a experiência de um grupo comunitário é a promoção da fala
e da escuta, onde através destas os membros do grupo, neste caso as mulheres,
têm a condição de externar suas ideias, opiniões e impressões sobre determinado
acontecimento. Sobre essas afirmativas, Duarte afirma que:
À
medida que o sujeito vai conhecendo algo, interagindo com o mundo social à sua
volta, ele sente vontade de expressar-se sobre as descobertas advindas desse
conhecimento. E, ao passo que o objeto é mais estranho para o sujeito ele sente
muito mais vontade de fazer uso da palavra para poder conhecer o objeto de
estudo.
Toda
essa experiência parte da realidade da comunidade e esta é aberta a qualquer
mulher interessada. O ponto de partida para a participação consiste também na
disponibilidade para a reflexão e para o compartilhamento das próprias
vivências.
O
desenvolvimento dos trabalhos fundamenta-se numa atitude de abertura à
realidade, que permita uma interação fecunda entre os acontecimentos cotidianos
partilhados por cada mulher.
A
organização do trabalho está sob a direção do próprio grupo, do (a) agente
facilitador (a) e da mulher multiplicadora.
Para
a Pastoral, a mulher multiplicadora além de representar o grupo, vivencia o
processo educativo que promove a articulação e interação entre as demais
mulheres, favorecendo dessa forma um movimento de construção do conhecimento a
partir das demandas ou necessidades vivenciadas em cada realidade.
A
partir dos conhecimentos adquiridos surgem nas comunidades resultados tanto a
nível individual como grupal. E o conjunto destes gera um movimento de luta na
busca pela melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas no grupo e seu
entorno.
Neste
processo, é possível identificar a ampliação da visão crítica, que geralmente
parte de temáticas geradoras, contextualizadas com a realidade comunitária,
possibilitando a interação, construção e reconstrução de idéias e opiniões.
Observando
a realidade dos grupos de mulheres acompanhados pela Pastoral, se constata que
apesar da baixa escolaridade e situações de vulnerabilidade social e econômica,
as mulheres adquirem conhecimentos que lhe permitem identificar ocorrências de
violação dos seus direitos e juntas buscam alternativas para resolução dos
problemas encontrados nos locais onde vivem.
Vale
salientar que um dos aspectos fundamentais para o acompanhamento aos grupos diz
respeito ao planejamento das ações e a constatação dos seus impactos e
resultados.
O
planejamento orienta atitudes, posturas e práticas
que se desenvolvem no ambiente comunitário, ou seja, orienta a construção da
própria realidade do grupo. Permite conhecer e refletir sobre o contexto,
avaliando-o para propor novas formas de agir e intervir para atender às
necessidades das mulheres e coletividades que o contexto comunitário agrega.
Trazendo
como exemplo os encontros comunitários realizados nos bairros periféricos de Juazeiro
(Antonio Conselheiro e Itaberaba), fica em evidência que a construção do
conhecimento possibilita às mulheres o confronto direto com o objeto ou tema
abordado, identificando suas relações internas e externas de causa, efeito e
conseqüência.
Com o
auxílio do (a) agente facilitador (a) ou orientador (a), o grupo toma
conhecimento do tema ou assunto abordado, onde nenhum deve tomar partido de um
aprendizado isolado. Os dois, “em comunhão,” devem interagir constantemente em
torno do tema e a realidade.
E
nessa lógica de pensar, Freire (2003, p.20) faz a seguinte afirmação: “... ensinar não é transmitir conhecimento,
nem tampouco amoldar o educando num corpo indeciso e acomodado, mas criar as
possibilidades para sua produção ou construção. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.” Sendo assim, ao invés de dar o conhecimento pronto para o
grupo, mobiliza-o, estimula-o para que ele mesmo possa buscar o conhecimento e
refletir sobre o mesmo, construindo dessa forma o seu processo de protagonismo
social e político.
REFERÊNCIAS:
DUARTE, Ercílio
Ferreira. A mobilização para o
conhecimento.
Fonte: http://amigonerd.net/sociais-aplicadas/pedagogia/a-construcao-do-conhecimento-em-sala-de-aula.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes
necessários às práticas educativas. 28ª edição. Editora
Paz e Terra. São Paulo, 2003.
[1]Graduada em Pedagogia pela
Universidade do Estado da Bahia; Especialista em Gestão de Pessoas pela
Faculdade do Noroeste de Minas; atua como Educadora Social na Pastoral da
Mulher – Unidade Oblata em Juazeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário