É, amor, eu sei que você é tão viciada nisso quanto eu. Mas não se iluda, não.
Por Débora Nisenbaum, do Medium
Você não vai transformar esse cara através da onipotência do seu amor.
Ele não vai mudar e se tornar uma pessoa carinhosa, cativante e cheia de vontade de criar um futuro contigo se agora ele já não é.
Sabe por que? Porque isso vem de dentro. E se não está dentro, não vem de fora.
Se quando vocês começaram essa história, ele não te fazia sentir respeitada, amada e querida, ele não vai fazer isso em nenhum momento futuro. Te faz sentir como uma vagabunda suja? Uma burra inútil? É, isso não vai parar.
Se ele não te dá a nítida sensação de que você é uma rainha, de que seu tempo com ele é precioso, de que você é uma puta mulher foda e ele tem sorte de estar contigo, esquece.
Você pode mostrar seu mundo a ele, contar das suas experiências, compartilhar sua mesa e sua cama, pode se verter em dedicação pura sobre este homem. Pode achar que você é a Bela que vai amansar a Fera, pode achar que esse sapo vai virar príncipe pelo mel dos teus beijos, pode pensar que ele vai despertar de anos e anos de um sono profundo de estar pouco se fodendo com o toque dos teus lábios.
Isso é tudo merda que a Disney te contou pra te manter burra.
Não adianta você se doar pra quem não quer lhe receber. Pode ficar com o seu “ah não, mas agora eu vou me fazer de difícil e ele vai ver” que ele tá, ó, cagando. Ele não liga. Sério mesmo.
Não se deixe acostumar a se sentir mal por coisas que você não fez. A cultivar uma culpa que não é sua. Relacionamento não é quando você se sente um lixo de pessoa que não faz nada direito; o nome disso é abuso psicológico. Não deixe ninguém, ninguém mesmo, dos sete bilhões de infelizes que povoam essa bolota cósmica, colocar na sua cabeça que é um favor te amar.
Não se deixe ser chantageada, negligenciada, tratada com indiferença. Amor tem que ser pré-requisito, não pode ser meta.
Se preserve. Se proteja. Porque tudo que você vai conseguir dessa situação é exaurir suas energias, esgotar o seu emocional e ter, de novo, aos seus pés, nhenhentos caquinhos e farelos de si mesma pra catar e recompor.
Eu sei que agora você me odeia porque eu não passo de uma metida a sabichona que não conhece nada desse relacionamento maravilhoso com esse cara incrível. Mas tudo bem. Eu só estou aqui pra dizer que já aconteceu algo parecido comigo.
“Ah, mas ele teve uma infância difícil. O pai abandonou. A ex era louca.” Linda, sua vida nunca foi um mar de rosas e você nunca fez disso desculpa pra ser babaca com ninguém. E sobre a ex louca, pode ter certeza que você é a próxima. Desequilibrada. Controladora.
Parece que você vai explodir de angústia se ele for embora. Sempre que ele não te liga de volta ou decide não responder suas mensagens, você até perde a fome. Mas olha, preste atenção. Corte pela raiz. Antes que se espalhe. Antes que você se veja de novo esfregando as têmporas no escuro pra tentar lembrar quem você é, porque se perdeu nele.
Este é um texto para mim mesma e para outras mulheres que precisem dele.
Débora Nisenbaum
Formada em publicidade e ainda não sabe o que fazer com isso. Colaboradora na Ovelha www.ovelhamag.com
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