Um novo relatório divulgado nesta terça-feira pelo Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) alerta para o aumento na desigualdade de gênero e para as falhas na proteção dos direitos das mulheres, em especial nos países subdesenvolvidos.
Para a ONU, os serviços de saúde nessas nações muitas vezes falham em atender demandas femininas, como o planejamento reprodutivo, e prejudicam o futuro profissional das mulheres, além de sabotar o próprio progresso nacional.
Mulheres grávidas esperam por uma consulta médica em um hospital do governo em Amritsar, na Índia - 11/07/2013 (Narinder Nanu/AFP)
Segundo o estudo, intitulado Situação da População Mundial 2017, na maioria dos países em desenvolvimento as mulheres mais pobres têm menos opção de planejamento reprodutivo, menos acesso a atendimento médico e são mais propensas a terem partos sem a assistência de um profissional de saúde.
O acesso limitado ao planejamento reprodutivo reflete em 89 milhões de gravidezes não intencionais e 48 milhões de abortos em países em desenvolvimento todos os anos. A dificuldade de planejar a vida afeta o desenvolvimento de habilidades necessárias para entrar na força de trabalho remunerado e alcançar poder econômico.
Além disso, a falta de acesso a serviços como creches e escolas também prejudica as mulheres na busca por empregos. Segundo o UNFPA, apenas metade da população feminina do mundo possuí emprego remunerado.
Para aquelas que já estão no mercado de trabalho, a ausência de licença-maternidade remunerada e a discriminação também são realidade. Em todo o mundo, o que é pago às mulheres corresponde a 77% do que os homens recebem de salário, e apenas dois em cada cinco trabalhadoras têm acesso à licença após o nascimento de seus filhos.
Brasil
No Brasil, apesar do aumento da expectativa de vida e da universalização da educação, as desigualdades estruturais ainda pesam sobre a vida das mulheres. Um em cada cinco bebês nasce de mães adolescentes. Entre essas jovens mães, de cada cinco, três não trabalham nem estudam; sete em cada dez são afrodescendentes e aproximadamente a metade delas mora na Região Nordeste.
Os jovens brasileiros enfrentam três condições críticas: acesso limitado a serviços e insumos de saúde sexual e reprodutiva; acesso limitado a educação de qualidade e a oportunidades de emprego; e uma alta exposição à violência, em especial contra meninas e violência letal a jovens negros e em comunidades mais pobres.
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