Do G1 BA
O juiz Luiz Roberto Cappio, de Monte Santo, na
Bahia, determinou que os pais e as cinco crianças baianas que foram entregues
para adoção sejam indenizados pelas famílias paulistas. A decisão foi publicada
na segunda-feira (18), no Diário do Tribunal de Justiça do estado. O valor que
deverá ser pago ainda não foi estipulado.
Segundo o juiz, foram julgados improcedentes oito
processos, sendo quatro deles de adoção e quatro de destituição de poder
familiar, todos de autoria das famílias adotivas. O juiz ainda homologou uma
desistência por parte de um dos autores do processo. Além da indenização que as
famílias irão pagar aos pais e crianças de Monte Santo, as despesas dos
honorários dos dois advogados de defesa, no valor de R$ 36 mil para cada um,
também devem ser pagas pelas famílias adotivas.
O processo de adoção das crianças ocorreu em meio a
diversas irregularidades, informou o juiz. "É uma postura inadimissível.
Eles jamais poderiam ter agido dessa forma, ofendendo a família e procurando a
intranquilidade do ambiente", afirma. "Foram sentenças que pontuaram
deveres e condutas. Não há condições deles adotarem alguma criança. Tem que
tirar os nomes dessas famílias dos cadastros de adoção", conclui. Ainda de
acordo com Cappio, uma multa de R$ 3.600 também deve ser paga pelos autores do
processo por terem agido de 'má fé'.
Entenda o caso
O casal Silvânia e Gerôncio, pais das crianças, contaram que elas foram retiradas de casa em junho de 2011, pela polícia, após ordem do juiz Vítor Manoel Xavier Bizerra, que na época atuava em Monte Santo. Dos cinco filhos do casal, dois foram levados para Campinas. Os outros foram para Indaiatuba, cidade vizinha. Em 27 de novembro de 2012, o juiz Luiz Roberto Cappio determinou que as cinco crianças baianas voltassem a viver com os pais biológicos.
O casal Silvânia e Gerôncio, pais das crianças, contaram que elas foram retiradas de casa em junho de 2011, pela polícia, após ordem do juiz Vítor Manoel Xavier Bizerra, que na época atuava em Monte Santo. Dos cinco filhos do casal, dois foram levados para Campinas. Os outros foram para Indaiatuba, cidade vizinha. Em 27 de novembro de 2012, o juiz Luiz Roberto Cappio determinou que as cinco crianças baianas voltassem a viver com os pais biológicos.
Os cinco filhos da lavradora Silvânia da Silva
voltaram com a mãe biológica para a cidade de Monte Santo no dia 23 de dezembro
de 2012.
Festa
Ao voltarem para a Bahia, os moradores a receberam as crianças com festa. “Chorei pra me acabar de ver essas crianças sair assim roubadas dos braços do pai mais a mãe”, disse um deles na época.
Ao voltarem para a Bahia, os moradores a receberam as crianças com festa. “Chorei pra me acabar de ver essas crianças sair assim roubadas dos braços do pai mais a mãe”, disse um deles na época.
Já em Monte Santo, as crianças reencontraram o pai.
"Painho, cadê o cavalo? Perguntou logo pelo cavalo", relata Gerôncio,
que logo correu, selou o animal para o filho montar. "Se eu falar pra ele
correr, ele me derruba?", perguntava o menino ao pai.
A decisão da Justiça baiana incluiu um período de
readaptação, em que as crianças permaneceram com a mãe em São Paulo sob o
acompanhamento de uma equipe de psicólogos e pedagogos.
“As crianças tiveram uma ruptura lá em Monte Santo
há um ano e oito meses atrás, e agora novamente outra ruptura, porque é
evidente que nesse período eles buscaram outras referencias, e construíram
referências”, afirma Sandra Grego, uma das pedagogas.
“Principalmente a Stephanie, a pequeninha, não
desgrudou, ficou o tempo todo com a mãe. Chamou nossa atenção”, afirma o juiz
Iasin Issa Ahmed, da 1ª Vara da Infância do Fórum Regional de Santo Amaro (SP).
“Os outros brincando. Os outros irmãos fazendo muita bagunça, correndo de um
lado pro outro, muito divertido. Olha, nos tranquilizou.”
O juiz Vitor Bizerra disse à CPI do tráfico de
pessoas que sua decisão foi baseada em relatórios do Conselho Tutelar e do
Ministério Público. Carmen Topschall, que aparece como intermediária em todos
os processos suspeitos de adoção na região de Monte Santo, se recusou a
responder à maioria das perguntas.
“As denúncias são graves, as denúncias são sérias.
Elas têm que ser averiguadas”, afirmou a ministra Maria do Rosário, da
Secretaria de Direiros Humanos. “O CNJ que é o Conselho Nacional De Justiça,
tem um procedimento. Todos nós aguardamos que as decisões sobre esse caso não
sejam apenas a aposentadoria de um juiz, que muitas vezes os juízes erram e
acabam sendo aposentados precocemente, que é até um prêmio”, afirma.
“O que é preciso é que ele responda diante do mal e
do crime que cometeu. Um sofrimento incalculável pra crianças, pra mãe, pra
família em Monte Santo e pra essas famílias que estão em outro estado da
federação e que também sofrem com tudo isto”, completou a ministra.
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